* Graduação e Mestrado pela Universidade de Caxias do Sul-RS. * Formação em Gestalt-Terapia pelo CEG-RS.
MULHERES E O CURTO-CIRCUITO DA VIDA MODERNA
Quando penso em falar sobre a mulher do nosso tempo, a primeira coisa que vem a minha mente é a agitação em que estamos vivendo, de onde surgiu o nome CURTO CIRCUITO. Vivemos num mundo voltado ao fazer, desejamos ser profissionais de sucesso, mães presentes, esposas atenciosas e lindas, ter um corpo bonito, as unhas feitas, o cabelo arrumado, cuidar da alimentação, ter tempo para o lazer e para o descanso e assim por diante. Uma série de coisas que certamente precisariam de um dia com mais de 24 horas, ou uma semana com mais de sete dias! E, como se não bastassem todas estas atribuições, também temos a nossa volta uma série de estímulos tentadores. Se há anos atrás tínhamos algumas poucas opções de moradia, profissão, namorados, roupas, sapatos, aparelhos eletro-eletrônicos, hoje, ao menos teoricamente, temos inúmeras. A tendência atual é de uma forma “Mc Donald”, fast food de viver, o que normalmente dificulta o contato com o que estamos realmente fazendo, ou melhor, querendo fazer de nossa vida.
Estamos precisando desenvolver mais afinadamente nossa capacidade de escolher, focar e determinar objetivos, para que não nos percamos nesse emaranhado de estímulos. É necessário afinar a nossa percepção e capacidade de escolha, de eleger o que é central dentre essa quantidade imensa de estímulos.
A Gestalt-Terapia preconiza o contato, a consciência do que, como e para que fazemos isso ou aquilo. Trabalhamos com um diagrama ilustrativo, conhecido como “Ciclo do contato”, que demonstra como lidamos com os mais diversos estímulos e necessidades, sejam eles internos ou externos. Viver é contato. A saúde vai depender da qualidade deste contato, isto é, na energização, na fluidez, na discriminação, na disponibilidade e abertura que este processo possui.
Os indivíduos saudáveis estão em condições de experimentar e diferenciar claramente a maior parte dos estímulos que se apresentam em primeiro plano, algo que interessa em diferença daquilo que não interessa.
Para dar conta do excesso de estímulo aos quais estamos sujeitos, é importante clarificar o que, de fato, esperamos, queremos ou estamos sujeitos a buscar durante o ciclo vital. É importante pensar em como está sendo nossa existência, como nossa história está sendo construída. Se ela tem uma direção clara? Aonde se quer chegar? Como se pretende fazer isto? Do que se arrependeu? O que faria outra vez? O que aprendeu durante o caminho já percorrido? Como está vivendo no momento?
Quando desenvolvemos nossa capacidade de um contato honesto com o mundo e com o nosso interior, podemos definir nossas necessidades com maior clareza, e este parece ser um ponto fundamental para que tenhamos melhor qualidade de vida.