QUESTÕES DA ESCOLHA PROFISSIONAL

‘ARRUME UM TRABALHO QUE VOCÊ GOSTE E NÃO PRECISARÁ TRABALHAR UM SÓ DIA EM SUA VIDA.’Confúcio

Grande parte de nossas vidas passamos envolvidos com o trabalho profissional, sendo, por isso, de suma importância que seja uma atividade suficientemente prazerosa.
A exigência da escolha profissional acontece muito cedo em nossas vidas e nem sempre é um processo tranqüilo. A busca pela identidade profissional está diretamente ligada à identidade pessoal e passa pelas mesmas crises de amadurecimento. Se questões de identidade pessoal estiverem muito confusas, será mais complicado fazer uma escolha profissional neste momento.
A escolha profissional depende de uma integração entre as características pessoais, de personalidade e as possibilidades econômicas e sócio-culturais. Conhecendo muito bem estes aspectos é possível tomar uma decisão de quem ser, como ser, o que fazer e como fazer.
Para começar é importante que se levante o máximo possível de informações sobre os cursos desejados, as universidades disponíveis, os custos e as possibilidades da família . Dados práticos são tão importantes quanto os afetivos, que intervém na tarefa de escolher, exigindo capacidade de flexibilização, de diferenciação entre os desejos dos pais e sua própria identidade, de análise e síntese, de discriminação, de tolerância à frustração e de hierarquização dos objetos.
Embora se espere que o jovem faça suas escolhas baseado em fatores realistas, há sempre o risco de se tomar decisões baseadas na fantasia. Por exemplo, uma pessoa pode escolher ser médica não porque goste da rotina e da área de estudo, mas sim porque precise da admiração do pai, ou porque imagine que terá um status diferente perante o namorado. Portanto, avaliar o que o jovem busca é essencial para que se possa ajudá-lo numa escolha consciente e relativamente estável.
Mesmo quando existe uma decisão clara é preciso trabalhar questões de idealização profissional, integrando aspectos positivos e negativos que cada profissão apresenta. É importante lembrar que o adolescente tende a idealizar ou a repudiar por inteiro tudo aquilo que avalia, atitude que pode trazer angústia e prejudicar a escolha.
Quando essa decisão é nebulosa, pode-se recorrer a processos de orientação profissional, que através de técnicas de auto-conhecimento, entrevistas, discussões práticas e testagens ajudam o jovem a clarear suas escolhas, aumentando consideravelmente as chances de obter sucesso e satisfação na opção que fizer.

MULHERES E O CURTO-CIRCUITO DA VIDA MODERNA





Quando penso em falar sobre a mulher do nosso tempo, a primeira coisa que vem a minha mente é a agitação em que estamos vivendo, de onde surgiu o nome CURTO CIRCUITO. Vivemos num mundo voltado ao fazer, desejamos ser profissionais de sucesso, mães presentes, esposas atenciosas e lindas, ter um corpo bonito, as unhas feitas, o cabelo arrumado, cuidar da alimentação, ter tempo para o lazer e para o descanso e assim por diante. Uma série de coisas que certamente precisariam de um dia com mais de 24 horas, ou uma semana com mais de sete dias! E, como se não bastassem todas estas atribuições, também temos a nossa volta uma série de estímulos tentadores. Se há anos atrás tínhamos algumas poucas opções de moradia, profissão, namorados, roupas, sapatos, aparelhos eletro-eletrônicos, hoje, ao menos teoricamente, temos inúmeras. A tendência atual é de uma forma “Mc Donald”, fast food de viver, o que normalmente dificulta o contato com o que estamos realmente fazendo, ou melhor, querendo fazer de nossa vida.
Estamos precisando desenvolver mais afinadamente nossa capacidade de escolher, focar e determinar objetivos, para que não nos percamos nesse emaranhado de estímulos. É necessário afinar a nossa percepção e capacidade de escolha, de eleger o que é central dentre essa quantidade imensa de estímulos.
A Gestalt-Terapia preconiza o contato, a consciência do que, como e para que fazemos isso ou aquilo. Trabalhamos com um diagrama ilustrativo, conhecido como “Ciclo do contato”, que demonstra como lidamos com os mais diversos estímulos e necessidades, sejam eles internos ou externos. Viver é contato. A saúde vai depender da qualidade deste contato, isto é, na energização, na fluidez, na discriminação, na disponibilidade e abertura que este processo possui.
Os indivíduos saudáveis estão em condições de experimentar e diferenciar claramente a maior parte dos estímulos que se apresentam em primeiro plano, algo que interessa em diferença daquilo que não interessa.
Para dar conta do excesso de estímulo aos quais estamos sujeitos, é importante clarificar o que, de fato, esperamos, queremos ou estamos sujeitos a buscar durante o ciclo vital. É importante pensar em como está sendo nossa existência, como nossa história está sendo construída. Se ela tem uma direção clara? Aonde se quer chegar? Como se pretende fazer isto? Do que se arrependeu? O que faria outra vez? O que aprendeu durante o caminho já percorrido? Como está vivendo no momento?
Quando desenvolvemos nossa capacidade de um contato honesto com o mundo e com o nosso interior, podemos definir nossas necessidades com maior clareza, e este parece ser um ponto fundamental para que tenhamos melhor qualidade de vida.

Psicoterapia e obesidade

Márcia Hillebrand e Carolina Figueiredo

Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em apenas 30 anos, o número de crianças e adolescentes que estão acima do peso subiu de 4% para 18% (meninos) e de 7,5% para 15,5% (meninas).
Hoje vivemos na contradição entre um excessivo culto ao corpo e uma grande quantidade de estímulos ao consumo de fast-food e alimentos industrializados. Além disso, a vida sedentária, o tempo gasto em frente à TV, a restrição de brincadeiras de rua e uma agenda lotada de compromissos também se instalaram no cotidiano, contribuindo para o aumento destes índices.
Do ponto de vista psicológico, quando uma pessoa come em excesso pode estar tendo dificuldade em identificar e suprir suas necessidades. Geralmente quem sofre com problemas de peso corporal interpreta inadequadamente suas necessidades e tem dificuldades para expressar seus sentimentos. Nutrir significa alimentar, alentar, revigorar e saciar, entretanto não precisamos apenas saciar nosso corpo, mas também nossas necessidades emocionais. Pode, por exemplo, estar confundindo tristeza com fome e raiva com desejo de comer chocolate, ou seja, canalizando suas emoções para o ato de comer. Esta passagem de uma das magníficas crônicas de Martha Medeiros clarifica muito bem esse processo:“Outro dia, no meio da tarde, senti uma fome me revirando por dentro. Uma fome que me deixou melancólica. Me dei conta de que estava indo pouco ao cinema, conversando pouco com as pessoas, e senti uma abstinência de viajar que me deixou até meio tonta. Minha geladeira, afortunadamente, está cheia, e ando até um pouco acima do meu peso ideal, mas me senti desnutrida. Você já se sentiu assim também, precisando se alimentar? Arroz, feijão, bife, ovo. Isso nós temos no prato, é a fonte de energia que nos faz levantar de manhã e sair para trabalhar. Nossa meta primeira é a sobrevivência do corpo. Mas como anda a dieta da alma?” (Martha Medeiros)
Por outro lado, quando a obesidade já existe, é preciso lidar com as conseqüências físicas e emocionais que ela acarreta. Psicologicamente altera a auto-estima, provoca ansiedade, vergonha e depressão, que por sua vez, poderão acarretar dificuldades de relacionamento social e familiar, contribuindo para o estabelecimento de um ciclo vicioso envolvendo maior ansiedade e compulsão alimentar.
Incluir um trabalho psicoterapêutico, junto a um acompanhamento clínico e nutricional facilita o processo de busca pela saúde. Tanto no atendimento individual, como em grupo, a psicoterapia ajuda a desenvolver a capacidade de percepção e expressão dos sentimentos, fazendo com que a pessoa tenha uma relação mais adequada com o alimento e com o próprio corpo, desencadeando um novo processo, em direção ao desenvolvimento da auto-estima, saúde e bem estar.

Psicoterapia Infantil



A procura por uma psicoterapia ocorre, geralmente, quando há sofrimento, dor, angústia e outros sentimentos negativos, que mostram a existência de uma luta desesperada do organismo em busca de equilíbrio. Provavelmente estes sintomas foram a única saída encontrada no momento, mesmo não sendo a escolha mais saudável. Os processos psicoterapêuticos variam de acordo com a formação do profissional, o tipo de dificuldade enfrentada pelo cliente e sua idade.
O processo de psicoterapia infantil se diferencia do processo adulto pelo fato de utilizar a brincadeira como forma de contato com a criança. As atividades lúdicas são a linguagem que a criança melhor conhece e utiliza para se comunicar, compreender o mundo e elaborar as passagens de sua vida. É através da sua forma de brincar que podemos compreender a fase de desenvolvimento em que se encontra, os principais conflitos, medos, dificuldades, realizações e , enfim, sua forma de ver o mundo que a cerca.
As sessões lúdicas de psicodiagnóstico duram em média três semanas e tem o objetivo de compreender o comportamento da criança. Nestes encontros são observados os tipos e o número de brinquedos com os quais a criança brinca, bem como a qualidade e o tempo de cada brincadeira. Estas informações são integradas aos dados da entrevista com os pais e ao parecer da escola (se necessário), para que se possa ter uma compreensão global da situação. Desta forma é possível chegar a um diagnóstico e com ele propor o auxílio mais adequado para que a família volte a se sentir feliz. Os sintomas que causam sofrimento tendem a desaparecer quando ouvimos o que eles tem a nos ensinar. As queixas mais comuns são timidez ou agressividade excessiva, temores, hiperatividade, alterações bruscas no comportamento, sintomas físicos ou psicossomáticos, experiências traumáticas específicas (separação dos pais, mortes na família, nascimento de irmãos, mudanças de rotina,...), insegurança, solidão, problemas com a auto-estima, entre outras.
Caso a criança necessite seguir em psicoterapia, as intervenções continuarão a acontecer através do brinquedo, a fim de possibilitar o restabelecimento do seu bem estar. A participação dos pais no processo é essencial para o sucesso da psicoterapia infantil.
A psicoterapia geralmente ocorre em encontros semanais de uma hora de duração e pode levar de alguns encontros a meses de tratamento, dependendo de cada caso. É uma questão ética manter em sigilo todos os dados dos clientes, bem como seus relatos, sendo que a evolução do tratamento está condicionada a empatia e confiança que se estabelece nesta relação terapeuta /cliente.
O objetivo da psicoterapia é ajudar as pessoas a se sentirem mais felizes, aprendendo a lidar com as emoções e as dificuldades, sem precisar recorrer a sintomas, que atrapalham a vida e trazem sofrimento.